Estou numa situação difícil por ter felizmente os meus pais vivos, mas a necessitarem de apoio de terceiros para lhes aumentar o nível de qualidade de vida. Todos sabemos que é uma fase da vida pela qual vamos passar e não há volta a dar.
Mesmo fazendo recurso a Lares de terceira idade, quando se chega a esta hora muitas são as preocupações e as decisões difíceis de tomar.
Mas para entrarmos neste mundo temos sempre que pensar em como se deparam as coisas para nós:
Se é assim tão fácil onde está o problema?
A família não tem hipótese de permanecer com as pessoas em casa dada a complexidade do acompanhamento assim como a necessidade de corresponder aos encargos das suas profissões. O culto do dar trabalho aos mais jovens e a crença de que ” se me criaram de pequenino, agora será a minha vez” já está completamente em desuso. Está e confirmo, não porque os valores morais desapareceram, mas sim porque as exigências atuais nada têm a ver com aquilo que se passou há anos atrás.
A nossa geração passou por uma transformação na sociedade e no mundo nunca antes vista e sentida. A evolução é ao minuto e a competitividade faz de cada um de nós um potencial perigo, pois nunca sabemos o dia do amanhã. Ficámos mais frios, mais isolados apesar das tecnologias e acima de tudo menos humanos no que concerne às verdadeiras relações de pessoas.
O esquema que aqui foi traçado, de forma muito simplista traça a realidade da situação atual quanto à velhice em Portugal e no Mundo. A esperança de vida tem aumentado e a qualidade da mesma não acompanha este aumento. Sendo assim, temos pela frente mais uma etapa a vencer e a combater. É a parte social na frente da Económica, no meu ponto de vista, mas que começa a fazer sentido o seu debate e a sua resolução.
Riqueza com o óbvio?
Aqui entra a parte social a que há pouco fiz referência. Quando nos aproveitamos economicamente de oportunidades e necessidades óbvias de sobrevivência, mal estamos neste mundo. Fazer negócio com a água, com a saúde e com o sol começa a ser desprestigiante a até condenável nos dias de hoje (e mesmo assim continuam a fazê-lo aos nossos olhos).
A parte mais difícil é esta. O custo de internamento num Lar de Idosos está em média nos 1500 euros, acrescido de medicamentos e fraldas e quaisquer outras necessidades do paciente. Se estivermos a falar na classe média em Portugal, poderemos desde já afirmar que estes valores são elevadíssimos e difíceis de suportar. Se entrarmos em linha de conta com a necessidade de internamento de um casal, poderemos sempre meter de lado entre 2500 a 3000 euros por mês.
Agora vem a parte política que detesto, aquela que repartem o que é nosso, que gerem o que não é deles e que ainda por cima fazem destes momentos uma grandiosidade e generosidade política irrepreensíveis!
Onde estão os apoios sociais dados à velhice para suportarem os lares? Onde estão as vagas de apoio à segurança social de cada um dos lares com porta aberta? Têm alguma dúvida? Liguem para um lar e digam que precisam de um internamento e de preferência de apoio da segurança social! Uma vergonha!
Compreendo que os Lares, dada a elevada exigência de apoio aos pacientes, não consigam suportar as despesas correntes para o normal funcionamento deste tipo de “empresa”, mas não acham que deveríamos estudar este assunto e abordá-lo de forma diferenciadora?
Descobriste a pólvora?
Era bom um saloio como eu, com muito orgulho, vir à praça e encontrar a solução para o problema, mas não é a verdade. Enquanto nós, humanos, não compreendermos que esta vida é uma passagem e que não duramos eternamente, nada poderemos fazer de bem para a sociedade.
Assim como apoiamos os nossos jovens até lhes darmos as ferramentas para a vida, deveríamos da mesma forma, apoiar os mais velhos e agradecer-lhes tudo aquilo que fizeram. Para mim essa seria a solução, criando Lares Públicos gratuitos para uma maior qualidade e dignidade de vida de um ser humano na sua última etapa por cá.
A despesa seria grande? Claro que sim, mas seria digna para todos.
Pensem bem no assunto!