Cartaz 2023 está fora de contexto
Quem olha para o cartaz desta 11ª Edição sobressai logo á vista de todos, os dez espetáculos Musicais selecionados para abrilhantar a festa maior da sede do Município de Mafra.
A verdade é que fica um pouco “sem sal” depois dos visitantes tomarem contacto com a realidade. Afinal de contas, as grandes estrelas e o chamariz para o evento não são mesmo os artistas!
Embora as condições artísticas nada deixe a desejar para os intervenientes, o mesmo já não se poderá dizer relativamente aos seus seguidores. O local escolhido para a realização dos eventos musicais é bafejado noite após noite pelos ventos que teimam em soprar de forma desagradável. Não tenho a certeza se em todos os dias isto aconteceu, mas nos concertos das Bandas Locais, nem um dia se safou!
Como se deve calcular, a ideia que se leva para casa não é nada agradável em relação a este assunto.
Grandes Concertos das Bandas Locais
“Os Santos da casa não fazem milagres!”
Quem nunca ouviu esta expressão? É muito fácil criticar os que nos são mais próximos e muitas vezes nem olhamos para o que de bom podemos extrair dos tais Santos!
Três Bandas com sonoridades bem distintas e cada uma delas com um potencial elevado para se poderem apresentar fora de portas. As três Bandas que estiveram em palco merecem o nosso aplauso pelo excelente trabalho ao vivo.
A primeira a entrar foi o “Tributo a Santana”. Espetáculo com muito ritmo e com grandes malhas de guitarra a recordar o grande Santana. António Carvalho desempenha na perfeição este papel e rodeado de bons músicos, o som produzido só pode ser de excelente qualidade.
A segunda Banda foi “4Revival”. Palavras para quê? Esta Banda tem sido e bem, convidada ano após ano para estar presente no Festival do Pão. Quase com o rótulo de Banda residente, a líder da Band, Rute Azeiteiro, é uma autêntica leoa de palco! Esta mulher está numa excelente fase e a interação com o público é simplesmente fantástica! Os músicos, em número reduzido, mas com tudo lá, são de excelente “casta” e sabem reforçar as dinâmicas que música após música vão surgindo.
A terceira e última Banda oriunda de Mafra foi o “Jorge Vadio”. Este é o artista mais conceituado do concelho de Mafra e com maior número de provas dadas. A sua missão não se torna fácil pelo facto de ser compositor e autor dos seus trabalhos. A dificuldade consiste em agarrar o público com melodias que ainda não estão no ouvido de todos. Apresentou algumas músicas do seu novo trabalho e de uma maneira geral agradou os seus seguidores.
Parabéns às Bandas Locais e aos seus "fortes" seguidores
A atuação das Bandas Locais estiveram em bom nível. O público ficou um pouco aquém do esperado, mas mesmo assim, o número de simpatizantes e ” fortes” foram em número considerável. Deixem-me apelidar o público de “forte” pelo simples facto de combaterem noite após noite o frio e o vento que se fez sentir. O clima em Mafra não sabe receber os visitantes e sendo assim, não nos podemos basear num planeamento na nossa terra, considerando com certa a possibilidade quase remota de uma ou mais noites boas no Verão! Raramente acontece!
O bom e o menos bom deste Festival
Todos somos cabeças pensantes e como tal, todos possuímos a capacidade de “avaliar” os Eventos que são nossos!
O que houve de novo este ano? Esta edição marca, no meu ponto de vista, uma viragem àquilo que se vinha fazendo, com a capacidade de agradar muitas pessoas que visitaram o Jardim do Cerco. Alterações significativas que deveriam marcar definitivamente num futuro próximo a Festa na sua essência mais básica: O Pão e as tradições Saloias!
Não sou, nem tenho essa pretensão, mas quem me conhece sabe que raramente deixo alguma ponta no ar:
O "Bom" deste Festival
- Maior espaço de mesas e de lugares sentados
- Corredores de acesso ao Jardim do Cerco mais desimpedidos e com melhor circulação
- Espaço reservado ao artesanato mais desafogado e com maior visibilidade
- Espaço de restauração mais organizado e com melhores condições de acesso
- Casas de banho com maior acompanhamento em termos de limpeza
- Menos ruído no espaço interior do Jardim
- Animação de rua muito positiva e com impacto no público
- A temperatura no interior do Jardim é agradável e acolhedora
O "Menos Bom" do Festival
- Instalação do Palco fora do Jardim do Cerco
- Falta de condições para o público dos concertos
- Desagregação dos espetáculos com a Festa
- Frio e vento no exterior do Jardim do Cerco
- Não transmissão online dos concertos
- Exposição de Tratores fora de contexto e longe da Festa
Proposta
Reconheço a dificuldade de organização de um evento desta dimensão. Mais uma vez saúdo o Exmo. Sr. Vereador António Felgueiras, “agora disfarçado sem bigode“, pelo facto de ter levado a “carta a Garcia” de forma tão exemplar! Meses e meses de trabalho e planeamento, recompensados agora pelo sucesso de mais uma edição do Festival do Pão. Deixe-me apenas transmitir-lhe de que o Palco neste lugar… não! Constatou, pela sua “presença médica” nos concertos, de que o tempo que se fazia sentir não era apropriado para “fofinhos”!
Esta edição, chegamos à conclusão de que os espetáculos anunciados não são a “ignição” para um grande Festival do Pão. Inicialmente foi, mas agora, com a consolidação já da própria marca criada, poder-se-ia direcionar a Festa mais para o seu objetivo primordial. O Pão e as tradições saloias/Locais.
Se pensarmos que os dias de festa poderiam ser animados por Bandas Filarmónicas, Ranchos folclóricos e pequenas Bandas Locais, rapidamente chegaremos à conclusão de que esta seria uma boa opção a estar em cima da mesa.
Em contrapartida, sendo eu amante de música, terminaria com os espetáculos de grandes Bandas e em palcos de grande dimensão. Parece um contrassenso, mas as coisas não ficariam apenas por aqui. Proponho a quem de direito, a criação de um evento só dedicado à Música. E aqui sim! O jardim do Cerco possui excelentes condições para a concretização de um evento dessa natureza e o público-alvo agradeceria a sua realização. Evento que pudesse dar condições ao público e se possível, durante um fim de semana inteiro. Um Festival a sério!
Agora basta meter a cabeça a pensar e certamente encontrarão mais e melhores ideias do que estas que aqui vos proponho!
Já agora fica a dica. As antigas instalações do CMEFED possuem um portão para o Parque de estacionamento que dá acesso a uma “antiga parada Militar”. Este é um local a ponderar! Quem sabe?