Jesus teve ou não irmãos?

O evangelista Marcos fala duas vezes dos “irmãos” de Jesus, mas há outras passagens que, sobretudo para a teologia católica e ortodoxa, sustentam a ideia de que Jesus não teve outros irmãos, filhos da mesma mãe.

O substantivo “irmãos” designaria familiares próximos e não irmãos de sangue como hoje se entende. Uma urna cuja descoberta foi noticiada no final de Outubro fala de “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. O ossário, além de ser a primeira confirmação extra bíblica da existência de Jesus, apesar de não ser uma prova definitiva sobre esse facto, poderia ajudar a fazer mais luz sobre o assunto.

Havendo especialistas que pensam que houve irmãos de Jesus, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, o consenso sobre a matéria não existe, embora a maior parte dos exegetas considerem a questão como secundária.

Irmãos Carnais?

É a tese que nasceu com o bispo ariano de Milão, Elvídio, no IV século. Ele defendeu a superioridade do casamento em relação ao voto de castidade. Para sustentar a sua teoria disse que também Maria tinha vivido com José e tinha tido outros filhos depois do nascimento de Jesus.

Essa posição é sustentada pelos protestantes. Essa visão é contestada pelos católicos, cristãos ortodoxos e também pelos muçulmanos, que seguem o que é escrito no Corão.

O problema dos ‘irmãos de Jesus’ é sobretudo uma questão dogmática. É muito mais simples acreditar que Jesus tenha tido irmãos. Porém há outros indícios que precisam ser considerados. A palavra ‘primo’ (anèpsios) aparece uma única vez no Novo Testamento (Colossenses 4,10 – A tradução de Almeida nesse caso usa, de modo errado, ‘sobrinho’).

Noutro livro em grego, Tobias (que não aparece na Bíblia Hebraica e, por isso, nas protestantes, mas cujo texto hebraico foi encontrado também em Qumran), os termos ‘anèpsios’ e ‘adelfós’ são usados sem distinção para significar primo ou parente em geral (cf. Tobias 7,1-4 e confrontar com Tobias 6,1).

Alguns manuscritos em 7,4 usam anèpsios, enquanto outros usam ‘adelfós’. Além do mais, o contexto bíblico nos obriga a recordar que o conceito de família naquele tempo era muito mais largo do que o atual: fazia parte da família, como irmãos (ah em hebraico), todos os que habitava a casa (bet em hebraico), o clam familiar. Outro aspecto é a tradição. Não é decisivo, mas acreditamos seja importante.

Já no segundo século não havia dúvidas sobre a relação dos “irmãos” com Jesus: não eram filhos de Maria. Esse conceito continuou vigente inclusive no tempo da Reforma, com Lutero e Calvino. Somente nos últimos tempos ele voltou a ser questionado.

A tradição cristã afirma que aqueles que a bíblia chama ‘irmãos de Jesus’ são na verdade seus parentes. E, do nosso ponto de vista, a Bíblia não oferece argumentos para combater essa tese, mas dá alguns que podem sustentá-la.

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