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Diz o texto do “Evangelho” segundo S. Lucas que, quando se completou a gravidez, Maria “teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria”. O relato de São Mateus, ao falar da visita dos magos, diz que estes, “entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe” – uma indicação também de que a visita deve ter decorrido tempos depois do nascimento. A tradição da gruta nasce no século II, a vaca e o burro serão “introduzidos” por Francisco de Assis. Com o presépio, o mesmo santo vulgarizou a imagem de um bebé quase despido, o que não corresponde ao relato. Afinal, uma mãe não deixaria de aquecer o seu filho…
Nasceu num estábulo, numa gruta ou num celeiro?
Pode não ter sido em nenhum destes lugares. Em Lucas 2:7 está escrito: “… e ela deu à luz o seu primogénito. Envolveu-o em panos e colocou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” A única coisa que se sabe sobre o local onde Jesus nasceu é que tinha uma manjedoura.
Olhando para a palavra grega utilizada três vezes por Lucas – “katalyma” -, que foi traduzida por estalagem ou hospedaria, ela é diferente da utilizada numa outra parte do Evangelho. Quando Lucas escreveu sobre o bom samaritano, que levou a vítima do assalto praticamente morta à estalagem, usou a palavra grega “pandocheion”.
Na descrição do nascimento de Jesus, se o autor se estivesse a referir a um local de hospedagem comercial, provavelmente teria escolhido a mesma palavra.
Os estudiosos acreditam, por isso, que o que ele queria dizer é que não havia lugar no aposento para hóspedes de uma casa de família, provavelmente parentes. E a razão é porque, naquela época, as casas dos camponeses na Palestina tinham duas divisões. A principal, onde a família cozinhava, comia e dormia, e outra para hóspedes. Uma espécie de anexo, com uma entrada independente, ou construído sobre a casa principal. Havia também um espaço para os animais, que muitas vezes ficava na parte de baixo da casa. Há quem defenda que terá sido aí que Jesus nasceu.
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Maria chegou a Belém transportada por um Burro?
A Bíblia diz apenas que ela foi acompanhada por José. E também não é certo que ela tenha dado à luz no próprio dia em que chegou. De facto, pode ter chegado muito antes do parto.
O que a Bíblia diz, em Lucas 2:6, é: “E aconteceu que, estando eles ali [em Belém], se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz”.
Quanto à presença de animais no lugar onde Jesus nasceu, isso nunca é referido nas Escrituras. A vaca e o jumento junto da manjedoura, tal como vemos nos presépios, resulta de uma simbologia inspirada em Isaías 1:3, onde está escrito: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
A figura do burro e da vaca passaram a fazer parte do presépio quando este foi inventado por São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223. O frade montou, com a autorização do Papa, as figuras em palha e colocou animais verdadeiros em volta para celebrar a missa de Natal e, de forma simples, explicar o nascimento de Jesus à população.