A RTP escolheu o caminho mais fácil para a realização e produção do Festival da Canção. Ano após ano criam-se tentativas de soluções e depois de se ter conquistado o Festival da Eurovisão, acha-se que a receita do sucesso está encontrada.
Um dos programas televisivos de maior audiência é o “the voice Portugal”. Um programa de entretenimento com a presença de vários jovens a mostrarem os seus dotes vocais. Canta-se músicas de outros e tenta-se mostrar ao público Português as suas potencialidades musicais em alguns minutos de fama. E quais os resultados práticos? Seria injusto da minha parte não dar destaque a muitos poucos casos de sucesso, como Fernando Daniel, Sara Tavares, Dulce Pontes, João Pedro Pais, etc. Mas o sucesso destes artistas tem muito a ver com aquilo que souberam fazer após os programas televisivos de explosão rápida e não duradoura.
A originalidade é o segredo do sucesso musical. Pode-se ter uma boa voz, uns bons músicos e umas boas cunhas e nada disto irá sortir em êxito solidificado. Portugal, apesar das muitas tentativas de vários grupos de música e cantores em nome individual, tem esta lacuna. Produz-se mal e poucos são os sons exportados para outros mercados. Falta o reconhecimento dos meios de comunicação desta lacuna e a iniciativa de se poder evoluir de forma rápida e consolidada. Possuímos muitas influências musicais no nosso País, mas infelizmente apenas o FADO é a música que serve para representar as quinas sejam onde for neste mundo. Tudo o resto…é paisagem!
O Festival da Canção vem aqui à tona, porque no meu entender, o canal de todos nós terá esta responsabilidade maior do que todos os outros canais televisivos. Responsabilidade no que concerne à criação, de por si só, de uma solução para poder dar o pontapé na qualidade da música Portuguesa.
E como poderia fazer issso?
Por aquilo que nos foi dado a conhecer pelos apresentadores do Festival da Canção deste ano, seiscentos concorrentes enviaram as suas músicas originais para uma vaga de apenas quatro lugares no lote das vinte músicas selecionadas. As restantes dezasseis músicas foram ocupadas pelas editoras, convidadas especiais da RTP.
A RTP, para encher a programação, dividiu estas eliminatórias em duas semifinais e as músicas apuradas estarão presentes na finalíssima, onde sairá a canção representante de Portugal na Eurovisão da Canção.
“A proposta é poderem alterar este sistema e darem maior ênfase aquilo que se faz em Portugal. Porque não fazerem-se várias eliminatórias durante um período de tempo (como o the voice Portugal) e daí saírem as músicas apuradas para uma final? “
A originalidade está em crise, mas já provámos que conseguimos ganhar festivais da canção. Agora falta trabalhar em conjunto para o bem da música Portuguesa, coisa que não está a ser devidamente feita!
(Já agora) Para quem não se lembra, já se chegou ao desplante de se eleger o representante e apenas se escolheu a música que esse representante iria cantar. Lembram-se? Foi a impressionante voz da Rita Guerra, mas há mínimos!
Em relação a este ano, seja qual for o vencedor, será certamente merecedor de nos representar a todos nós, mas fica sempre a dúvida de como seriam as seiscentas canções que ninguém ouviu!